Êxodo
Capítulos: 7 a 12
Pr.
Claudio Marcio
Antes de mencionar a primeira prática
que os egípcios faziam e provocava a ira de Deus, que teve como consequência a
primeira praga (Êx. 7:14-17), é importante entender o método de Deus “milagres
e maravilhas” em confrontação com o método egípcio “magia,
encantamento/ilusionismo e feitiçaria”, isto mesmo, enquanto Moisés dependia de
Deus os egípcios dependiam do adversário de nossas almas, com seu ocultismo, ou
seja, a força humana que hoje conhecemos como poder da alma (Vide: O Poder
Latente da Alma - Watchman Nee) e de hostes espirituais da maldade (Efésios
6:12). Creio que escrevo a pessoas que são lavadas e remidas pelo sangue do
cordeiro, sendo assim, peço que estejam em oração, pois a ideologia desse mundo
reprova a Bíblia Sagrada, suas doutrinas e informações. Portanto, não me aterei
em explicações pormenorizadas, mas continuaremos no entendimento da prática que
redundou na primeira praga.
Cremos que o criador de todas as coisas
é Deus, sendo assim ele é o único digno de louvor e adoração. O Egito tinha na
pessoa de Faraó uma divindade humana, que representava as demais divindades e
com elas se relacionava, exercendo poder divino-humano, estando o Egito situado
geograficamente em uma região árida, o rio Nilo era o seu “porto seguro” para
manutenção da vida dos homens e animais, também proporcionava aos egípcios uma
certa hegemonia, tendo em vista sua rica fonte de água. Entretanto, eles não
encaravam o Nilo apenas como um rio, pois o Egito era considerado uma dádiva do
Nilo, ou seja, a existência e soberania desse império era atribuída a esse rio.
Sendo assim, o Nilo era considerado um deus que proporcionava vida, soberania e
força aos egípcios. Quando o mesmo ser transforma em sangue pelo método (ação)
de Deus, os egípcios constatam que ele não tinha tanto poder assim, pois ao
invés de vida passa a fornecer a morte, pois Deus o toca e o transforma,
mudando sua estrutura, mexendo com a teologia egípcia que reverenciava a um deus-água
que não tinha poder de se proteger contra o verdadeiro Deus dos Hebreus. Para
não ficar “por baixo” e desmerecer o feito do Deus de Arão e Moisés, os magos
replicam o feito: também transformam água em sangue. Ressaltando que o método é
diferente, porém o resultado visual é o mesmo. Sendo assim, o coração de Faraó
se endurece, não reconhecendo o poder e majestade do Soberano criador do
Universo. A primeira prática era a divinização do rio Nilo, confiando sua vida
e reconhecendo nele a fonte de seu poder, mas isto foi tocado pela primeira
praga. Deus estava apenas começando...
SEGUNDA PRÁTICA (Êxodo 7:25-8:15): A
rã assim como o rio Nilo era objeto de adoração dos egípcios. Hecate, a deusa
da ressurreição, da fertilidade e do parto, tinha cabeça de rã. Ou seja, a
deusa que era reverenciada pela capacidade de fertilizar, gerar vida e reavivar
os mortos, tornou-se, em sua multiplicidade por todas as casas do Egito,
milhares de rãs tornaram-se insuportáveis. Sendo assim, aquilo que fazia com
que os egípcios venerassem como um deus e prestassem a essa figura algum tipo
de adoração, tornou-se numa praga, que foi reproduzida pelos magos egípcios,
entretanto, eles não conseguiram fazer com que as mesmas sumissem. Coube a
Faraó o reconhecimento do poder de Deus e a necessidade de sua intervenção. O
Faraó-deus, que cria no deus-rã não conseguiu o apoio desse deus para abençoar
sua vida, mas ao contrário a forma material desse ser trouxe grandes
inconvenientes.
Vemos nessa prática idólatra, o ser humano depositando em
um animal sua confiança sobre algo tão específico e próprio de Deus: Gerar
Vida. Deus é a única fonte de toda a existência, não reconhecer seu poder e
creditar a um animal irracional tal valor e confiança é uma afronta ao Criador
dos Céus, da Terra, de todos os animais, plantas e seres humanos. Como já
mencionado essa prática além de ser utilizada pelos egípcios, era perpassada
aos demais povos, por intermédio de sua cultura e hegemonia política e religiosa.
Yahweh,
o verdadeiro autor da vida (Zoé = Vida originada por Deus para todo o ser vivo
e, consequentemente vida eterna), não divide sua Glória e Soberania com
ninguém, confronta Hecate, demonstrando sua incapacidade de beneficiar seus
seguidores, e poderosamente, assim como fez as rãs surgirem faz as mesmas
desaparecerem, isto após a obstinação de Faraó ter fraquejado, e ele ter
admitido que se submetia à vontade do Deus hebreu, pois sua superioridade era
incontestável nessa questão específica das rãs, falando a Arão e a Moisés que
estaria contente em cumprir a ordem do Senhor de Israel.
A
segunda prática que provocou a ira de Deus foi a adoração a um animal (Hecate),
que supostamente gerava a vida. Mais um deus egípcio caiu por terra diante do
verdadeiro Deus de Israel, sendo humilhado e desmentido. O Yahweh de Israel
estava ensinando e se revelando aos egípcios e ao seu povo, por intermédio da
praga das rãs, sua vinda e sua morte foram por sua determinação. Porém, havia
mais coisas que ele precisava fazer, para que não houvesse dúvidas de quem Ele
é e sempre será: Aquele que tem o controle sobre todas as coisas.
TERCEIRA PRÁTICA (Êxodo. 8:16-19): Acredito
eu que, até aqui (essa leitura), já ficou clara a preocupação que se tem com
esse opúsculo, em associarmos as 10 pragas lançadas sobre o povo egípcio às
suas práticas humanas idólatras, apesar de já haver mencionado tal coisa,
sempre é bom frisarmos o que de fato se propõe nessa pequena obra textual.
Sendo assim, não focamos propriamente as pragas, mas sim o que as gerou. Diante
disto deixemos claro que essa prática diz respeito à cultura, religiosidade e
teologia egípcia (já mencionados anteriormente) que colidem com a teocracia de Yahweh,
ou seja, um povo poderoso, culturalmente considerando-se superior aos demais
povos (eis o etnocentrismo já naquela época: 1491 a.C.), tendo uma teologia
própria em relação às suas divindades, econômica e politicamente próspero,
atribui seu sucesso e hegemonia diante das outras nações, às suas práticas,
sendo assim, pretende (O Egito) submeter os demais povos sob seu domínio às
mesmas práticas errôneas e anti-Deus, replicando-as em seu modo de vida, o que
seria contaminador e iníquo aos olhos de nosso Deus.
Seth
é considerado pelos egípcios, entre outras atribuições (deus da violência e da
desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da guerra, dos animais e
serpentes), como o deus do deserto, tinha poder sobre o deserto e,
consequentemente sobre o pó desse deserto. Exercendo assim sua força sobre um
elemento e lugar: terra e deserto. Não sei se o caro leitor já ouviu falar
sobre a mandala e os 4 elementos (assunto que poderá ser tratado em outra
oportunidade), porém o que pretendemos enfocar é a veneração e reconhecimento a
um ser divino aos olhos dos egípcios que exercia poder sobre o elemento terra.
Ao ferir o pó da terra, sob o comando de Moisés que havia sido orientado por
Deus, Arão está ferindo não só a terra em si, mas a teologia egípcia que
aceitava seth, até então, como um deus bom e amigável. Esse deus não teve poder
para impedir que o Deus de Israel transformasse o pó em piolhos, tão pouco pode
impedir que esses piolhos atacassem seus sacerdotes e demais adoradores. Os
magos bem que tentaram reproduzir, da mesma forma, o que Arão e Moisés em obediência
a Deus haviam feito, entretanto, a partir dessa praga, eles não conseguiram replicar/reproduzir
mais nada, reconhecendo: “isto é o dedo de Deus” (Yahweh).
Diante de tal reconhecimento de suas maiores autoridades no assunto relacionado
às divindades, o imperador egípcio não se dá por vencido ou convencido, mas
endurece sua forma de pensar (o coração), apesar de ver, sentir, e constatar
piolhos nos homens e animais, ele se volta contra Deus. Ou seja, Faraó sabe que
alguém tem o poder para livrá-lo de seu grande problema, mas não aceita
submeter-se a esse grandioso e único Deus, isto iria custar muito caro a ele e
ao povo egípcio, pois não há homem que possa confrontar o poder de Deus e sair
impune.
QUARTA PRÁTICA (Êx. 8:20-32): Apesar
de entendermos, por inferência textual, que o povo hebreu não estava sujeito às
pragas lançadas sobre os egípcios, especificamente em relação à essa praga, existe
algo de contundente, pois é dito a Faraó que o enxame de moscas iria sobre ele,
seus oficiais, o povo egípcio comum, nas casas que pertenciam a Faraó, nas
casas de todos os egípcios e sobre toda a terra que os mesmos estivessem
habitando, entretanto, é feita uma menção sobre a separação da terra de Gósen,
em que o povo de Deus, os hebreus, habitavam, de que não haveria sobre ela o
enxame das moscas, demonstrando assim, a supremacia de Yahweh, o seu zelo para com os seus escolhidos e sua ira em relação aos egípcios.
A
palavra enxame, nesse contexto, no hebraico pode significar mistura, ou seja,
podemos entender como uma ‘mistura de variados insetos’, quando lemos “enxame
de moscas”. Em confrontação a Belzebu, o deus das moscas, ou seja, o deus que
tinha o controle sobre as moscas, que era venerado pelos egípcios, não pode
fazer nada, pois o Deus de Israel é o verdadeiro criador e senhor de todos os
seres vivos, animais irracionais, racionais, insetos, plantas, etc. Cheios de
insetos, não podiam manter-se limpos e o agravante está na destruição da terra
pela ação direta dessas moscas, impossibilitando um bom plantio.
Faraó
sede, mas como todo soberbo e, não reconhecendo com quem está lidando, quer
impor limites. Infelizmente é mais uma de suas estratégias humanísticas, a fim
de ganhar tempo para si, achando que poderia fazer algo para deter as ações do
Senhor de Israel. Ledo engano Deus tem munição de sobra para confrontar os
soberbos.
QUINTA PRÁTICA (Êxodo 9:1-7): Apesar
de Deus se revelar ao homem, é impressionante como somos incapazes de
compreender a dimensão de seu poder e sabedoria. Faraó tentara negociar com
Deus; enganá-lo é impossível, pois Yahweh conhece interiormente os pensamentos
do ser ao qual criou. Ele (Faraó) dissera que deixaria o povo ir para adorar
Deus no deserto se a praga das moscas cessasse, entretanto, seu coração
orgulhoso se endureça e, como o Senhor bem sabia, não deixou que o povo fosse
cultuar. Diante de tal ação, o Altíssimo mantém o seu discurso: deixa o meu
povo ir. É interessante como Deus tão poderoso, se mantém respeitoso diante de
um ser que é sua criação, poderia ter devastado o Egito de uma única vez, porém
seu amor e bondade, sua capacidade de ser generoso condiz com sua infinita sabedoria,
pois além de exercer sua soberania em relação a Faraó e seus deuses, Deus
estava ensinando a seu povo e às demais gerações como age diante de tiranos que
não o reconhecem como o Autor de todas as coisas. Essa praga vai de encontro
aos animais, mas especificamente confrontando ao deus-carneiro: Amon, ao
deus-touro: Ápis e ao deus-vaca: Hator, ou seja, consideremos o contexto
temporal, nesse período histórico a força de trabalho além da mão de obra
escrava era toda exercida pelos animais, que além de fornecerem carne para sua
alimentação, também eram importantes para ararem a terra, conduzirem as
pessoas, utilizados em combates, enfim, a força geradora de benefícios diversos
foi afetada, é como se hoje tivéssemos uma pane na geração de energia elétrica
e na produção de alimentos. Isto ocorreu em virtude dessa prática abominável
aos olhos de Deus da adoração desses deuses.
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