Minha pergunta parece ser absurda, no entanto, o óbvio é no mínimo incoerente pelo que tenho constatado nesses 31 anos de convertido ao Senhor Jesus. Parece ser óbvio que a escola bíblica dominical é para se estudar a Bíblia aos domingos. Mas, por gentileza, sejamos francos, como é o nível de preparação dos professores? Qual o critério utilizado para a escolha desses professores? Como as igrejas planejam essa escola? Que tipo de Pedagogia, Metodologia e Estratégia são utilizadas para implementação dos estudos?
Não estou sendo um crítico da boa vontade ou tão pouco de irmãos, em Cristo Jesus, que são bem intencionados, mas sim, estou sendo criticista, ou seja, precisamos de escolas bíblicas que sejam capazes de construir saberes críticos, melhorando o nível de aprendizado e conhecimento a ser adquirido e ampliado nessa escola.
Aprendi que a Bíblia é inerrante, incapaz de errar ou de ter erros, bem, partindo dessa informação e sendo submisso a Deus e a sã doutrina, apresentada pela igreja-denominação, nenhum cristão fiel é capaz de questionar isso, porém, quando começamos a ler a Bíblia com fé, emoção e razão, nos deparamos com situações literárias, históricas, teológicas, geográficas, culturais e até mesmo que, a denominação a qual pertencemos, nos induz a interpretar, que no mínimo deveria nos fazer refletir muito, se houvesse o receio de questionar.
Quero lembrar que o fato de ser cristão não significa que você deve deixar de pensar e aceitar tudo que lhe dizem como sendo a verdade suprema. Creio nas Sagradas Escrituras, porém constato, em muitas passagens, que a tradução não foi fiel e que apesar de me ensinarem, até mesmo no seminário, que a Bíblia não tem contradição, leio essas contradições, e nisto sou insistente em dizer que são devido as traduções, pois, aí sim, convicto concordo: o Espírito Santo de Deus não erra ou tão pouco se contradiz, mas os tradutores erraram muito.
Vejamos na Bíblia alguns textos que se contradizem:
Gênesis 6:6: "Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração." Êxodo 32:14: "Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo."
Números 23 : 19: "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?"
I Samuel 15 : 29: "E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa."
Meu objetivo é alertar, não criticar, mas sim estimular a uma Escola Bíblica que produza resultados na construção do saber eclesiológico, sendo assim, precisamos entender que CRER É TAMBÉM PENSAR.
Darei outro exemplo:
A mulher descrita em João capítulo 8:1-11 é conhecida como adúltera, ou seja, quando pregamos falamos que essa mulher adulterou, mas a Bíblia não afirma isto em seu contexto, pois se ela adulterou, onde estava seu marido para confirmar o ato de adultério e o homem com quem ela possivelmente teria adulterado? Não temo em dizer isso, pois conforme já mencionei é a própria Bíblia quem responde e eu tenho zelo pela Palavra de Deus e estimulo aos estudantes das Sagradas Escrituras a questionarem, a serem críticos em nome de Deus. Vejamos os textos:
Levítico 20:10: "Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera."
Deuteronômio 22:22: “Quando um homem for achado deitado com mulher que tenha marido, então ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher, e a mulher; assim tirarás o mal de Israel.”
Os textos acima nos levam a refletir que a mulher chamada de adúltera, provavelmente era uma prostituta, e, permitam-me uma lembrança de um comentário feito no Seminário há mais de 15 anos: Numa palestra feita por um senhor que apresentava o Novo Testamento em suas duas fontes: de Alexandria e de Antioquia, ele considerava uma informação que lhe fora repassada por um estudioso da Bíblia de nacionalidade grega, esse estudioso teria lhe afirmado que na tradução correta das palavras de Jesus aos apedrejadores ele teria dito: “aqueles que não tiverem o mesmo pecado, que atirem a primeira pedra.” Bem, seria muito propício, tendo em vista que os julgadores da mulher estavam diante de uma prostituta e não de uma mulher adúltera, sendo assim, provavelmente muitos já haviam saído com ela, por isso a certeza de seu pecado de prostituição e não de adultere como nos é sugerido.
Amados leitores a Escola Bíblica Dominical é para se estudar a Bíblia, não para falarmos de nossas mazelas pessoais ou de outras pessoas, comentários que venham corroborar os textos sagrados são sempre bem vindos, mas sejamos profícuos no Estudo da Palavra, espero em Deus que os textos e a exposição feita por mim seja acolhida na mente e nos corações de homens e mulheres que querem ser críticos obedientes da Palavra de Deus. Afinal para que serve mesmo a Escola Bíblica Dominical? Aprendermos sobre as Sagradas Escrituras.
Observação: o texto de João 8:1-11, não foi escrito pelo Apóstolo João. Vamos estudar a Bíblia!
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