Pr. Claudio Marcio
A
Bíblia prescreve sobre fé em diferentes textos, porém o livro de Hebreus é um
clássico pedagógico sobre esse assunto em seu capítulo 11. Ao atribuir à fé uma
visão de convicção e certeza, atribui à mesma um liame com a razão, que nos
parece ser algo antagônico a ideologia da fé movida pelo que sentimos (uma fé
emocional). Isto não é nada de novo em se tratando da Bíblia Sagrada, porém, em
uma cultura (brasileira) que a emoção parece sempre prevalecer em nossas
reuniões que têm o objetivo de adorar a Deus em Espírito e em Verdade, porém
focadas em despertar o emocional do indivíduo a fim de que ele entenda
sentimentalmente, que valeu a pena participar do culto, pois “sentiu” a
presença de Deus isto simplesmente é paradoxal.
Vamos
devagar para não divagar sobre o que queremos passar aos nossos leitores: Fé envolve
Racionalidade, apesar de em nossos cultos ser promovido o Emocional do indivíduo.
Não ignoramos o best seller de Daniel Goleman sobre Inteligência Emocional,
porém o que estamos focando é a emoção desprovida de inteligência.
Apesar
da fé não depender de conhecimento (razão), depende de convicção racional para vivenciá-la.
Para ser mais claro e até didático, darei alguns exemplos: Abraão levantou o
cutelo para matar Isaque, não foi pela emoção, pois seus sentimentos (ele era o
pai de Isaque; Isaque era o filho prometido por Deus, quando ele tinha 75 anos)
estavam em conflito. Sadraque, Mesaque e Abdenego diante de Nabucodonosor e sua
estátua de ouro, sua convicção em não servir a um falso deus era muito maior do
que os conflitos emocionais imanentes por saber que perderiam à vida, posição
social, econômica e política. A fé precisa ser vivida diariamente, confessada
constantemente e nossas emoções não podem confirmá-la antes de fatos, ou seja,
nossas emoções nos levam a um pragmatismo evidente. A fé nos conduz a ações
inusitadas, incoerentes (do ponto de vista da lógica humana), porém que coaduna
com o transcendente divino incognoscível YHWH (Yahweh).
Diante
do exposto acima posso entrar na proposta de nosso título: A nossa fé é
capitalista? Como assim? A fé explora o próximo? Precisa que alguém faça alguma
coisa para que sejamos beneficiados financeiramente? A fé produz lucros? “Isto é
uma incoerência, completamente contra as sagradas escrituras, como alguém pode
pensar isto?” É possível que alguém fale ou pense isto sobre o que está
lendo... Então, a fé não pode gerar benefícios financeiros? Alguém pode dizer é
claro que pode. E eu concordo com o resultado de uma fé em Deus, focada em obedecê-lo,
ter intimidade com Ele e fazer a sua vontade de forma plena. Mas isto não é
para todos. O quê? Isto mesmo, nem todos seremos ricos, teremos os melhores
carros, faremos as grandes obras, ou tão pouco estaremos no centro das
atenções.
Fé
não é exploração, é submissão; não é ganho, é perda e entrega; não é imposição,
mas sim submissão e dependência; não é lucratividade, multiplicação e
exploração, porém é distribuição, divisão e comunhão. Por mais absurdo que
pareça, a fé é a certeza do que Deus quer para sua vida, mesmo sem ter
condições de conhecê-lo em sua plenitude divina, é se aproximar dEle, sem
jamais vê-lo, buscá-lo sem conseguir tocá-lo, pois ele não está acessível em
nossa dimensão, pois sua dimensão é sublime, superior e transcendental.
Nossa
fé é capitalista quando se aproxima de Deus para obter ganhos pessoais.
Nossa fé é
capitalista quando não é direcionada por quem somos, mas pelo que queremos
obter em servi-lo.
Nossa fé é
capitalista quando enriquecemos por servir a Deus e não conseguimos dividir
nossa riqueza com aqueles que também o servem, porém não enriqueceram.
Nossa fé é
capitalista quando falamos para os outros o que entregar, até mesmo entregar o
tudo, aí os exploramos, pois nós mesmos usufruímos dessa entrega, mas não
retribuímos com nada.
Nossa fé é
capitalista quando descontruímos a entronização de Deus em nossa essência e
nela colocamos a Egolatria do Ser finito, em outras palavras, quando o
humanismo prevalece sobre o teísmo.
Então não estou
falando de fé, mas de uma prática que, parecendo com a fé, agride a sã
doutrina, pois direciona o homem para bem longe de Deus, com práticas que em
nada seguem os ensinamentos de Cristo, dos Apóstolos, da Igreja Primitiva
guiada pelo Espírito Santo. A resposta à pergunta de nosso título:
Nossa fé é
capitalista? Não...
Pois cremos que
Deus pode nos fazer prosperar, independente de quem somos e fazemos, porém,
essa prosperidade não é da mesma forma para todos, pois cada um é chamado para
uma ação/missão, sendo assim, servir a Deus por fé não significa ter lucros
imediatos de “primeiro grau”, mas sim é um investimento humano ao ser divino,
que pode nos dar resultados de diferentes formas (o estilo da prosperidade de
Deus: mais irmãos, casas, famílias – Marcos 10:29-31), porém, com a certeza de
uma vida eterna em Cristo Jesus de benefícios inesgotáveis.
Paz, Graça,
Amor e Redenção.
Duque
de Caxias, 04 de Junho de 2017.
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