Todo dia acordo, levanto, trabalho... Estou em busca de um milagre. Minhas decepções, frustrações pessoais e desilusões me fizeram ir a busca desse milagre. Milagre que mude minha atual situação, minha condição limitante de não poder fazer o que desejo ou o que penso que desejo. Um milagre ou uma maravilha, algo que seja extraordinário, que me faça sair do chão, que arrebate meus sentidos e me faça, praticamente, me tornar outra pessoa: perfeita, sem problemas, sem dificuldades, sem... É aí o ponto chave do meu problema! Buscar um milagre fora de mim, um milagre que venha de algum lugar que não seja eu mesmo, enquanto Jesus devolveu: “Se quiseres, posso curá-lo... Eu quero!” Tem que iniciar dentro de mim: Eu sou o milagre, sem falsa modéstia, sem pieguismo, exagero, ufanismo ou empáfia. Aceitar o extraordinário que vem dos outros é comum, aceitar-se como extraordinário é desconcertante. É mais cômodo dizer: “Não sou capaz! Não consigo! Não aprendo isto! Tenho limitações que me impedem de superar esta dificuldade.” Desculpas, nocivas desculpas, que acabam me matando aos poucos, ao longo de segundos, que se multiplicam em minutos, que se somam até se tornarem horas, que se elevam ao ponto de virarem: dias, meses e anos, e... Quando menos percebo me fazem mais velho e me limitam o tempo da ação. O que mais dói não é saber que se tem menos tempo, mas sim que, em todo tempo se tinha a solução: Eu mesmo! Mas não é fácil chegar a essa conclusão, precisa-se de um tempo, a cada um é dado o mesmo número de segundos, minutos e horas por dia. O que fazemos com eles? Esse é o Milagre!Eu sou o Milagre!Você é o Milagre!Nós somos “o Milagre!”Só posso chegar a essa conclusão do outro, do nós, enquanto Milagres, depois que eu me encontro, me percebo e, principalmente, me aceito como um genuíno milagre, sem efeitos especiais, sem fogos, sem alarde, porém no silêncio de meu âmago, na solidão do pensamento que busca se encontrar: Não sou maior ou menor, pior ou melhor que alguém, sou maior quando me sinto assim, sou menor quando me considero assim, posso melhorar ou até mesmo piorar, depende diretamente de mim: ser reprimido ou recalcado, influenciar ou ser influenciado, quando consigo me achar, enquanto fonte de virtudes e gerador de benefícios permanentes à humanidade e não poço de vergonhas e canal de desilusões ao meu semelhante.E Deus? Perguntaria alguém. E eu respondo: É o autor do Milagre!Ele não nos fez para andarmos errantes, nos fez contendo em nosso interior as respostas às perguntas que somos confrontados a fazer ou nos fazem diariamente. E a fim de esclarecimento: Ser milagre, não é ser perfeito, não ter problemas, não errar. O que é então?Ser gente, se aceitar como gente, não aceitar ficar errando, não aceitar o viver indiferente à vida e aos semelhantes, é desejar intensamente: com o espírito, corpo e alma o que se há de melhor e jamais o pior, e, se acaso acontecer do pior chegar pule por cima, saia da frente e deixe-o passar e, se apesar disso, ele insistir em ficar, não desista jamais, pois você é o milagre, e o pior não suporta milagres!
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